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Resolver Conflitos Familiares: Para Onde Você Realmente Está Olhando?




Resolver Conflitos Familiares: A Arte de Olhar para a Estrada, Não para o Obstáculo



Resolver Conflitos Familiares: Para Onde Você Realmente Está Olhando?



Você já se deu conta de quantas horas do seu dia são consumidas por um único pensamento? Como se um filme antigo passasse em repetição na tela da mente, mostrando sempre a mesma cena, o mesmo conflito, a mesma dor. Uma separação, uma dificuldade financeira, uma palavra não dita que ecoa no silêncio. Queremos uma saída, mas nosso esforço parece nos afundar ainda mais na areia movediça da preocupação.


Passamos horas, dias e noites nesse ciclo. Muitas vezes, é intencional: sentamos para “pensar no problema”, na esperança de dissecar suas partes e encontrar uma solução. Em outras, a mente simplesmente nos sequestra. Estamos trabalhando, conversando com um amigo, tentando ler um livro, e a preocupação retorna, girando e girando, como um carrossel do qual não conseguimos descer.


É um esforço exaustivo. Buscamos respostas, analisamos cenários, procuramos culpados. Jogamos com a esperança de que o passado pudesse ter sido diferente. E se as coisas não tivessem acontecido daquela forma? E se aquela pessoa não estivesse em nosso caminho? Essa ruminação constante nos dá a ilusão de controle, mas, na verdade, estamos apenas alimentando aquilo que mais desejamos que desapareça.


Existe uma forma diferente de caminhar, uma maneira mais sábia de resolver conflitos familiares e pessoais.




Estrada vazia ao entardecer, seguindo em direção ao horizonte, simbolizando um caminho para resolver conflitos familiares.



A Mente em Círculos: O Hábito de Focar na Dificuldade


Quando um problema se instala em nossa vida, a tendência natural é fixar toda a nossa atenção nele. A mente entra em um "jogo de encaixe" incessante, tentando encontrar a peça que falta. Ela vasculha o passado em busca de motivos e o futuro em busca de alívio, mas permanece ancorada no presente do problema.


Essa fixação é compreensível. No entanto, ela nos coloca em uma armadilha sutil. Ao pensar sem parar na dificuldade, seja na sua causa ou na sua hipotética solução, fazemos dela o centro do nosso universo.


E o que acontece à noite? É quando o silêncio amplifica o ruído interno. A cabeça no travesseiro se torna um palco para os mesmos dramas. O sono se vai, e a madrugada chega com mais pensamentos, mais angústia, mais desgaste. A pessoa se sente presa, olhando fixamente para uma parede, sem perceber que, ao lado, existe uma porta aberta. Mas, para encontrar uma solução, não deveríamos pensar no problema? Sim e não. Mas muito mais "não" do que "sim".



A Lição do Piloto: Onde Você Foca, Você Vai


Para entender essa aparente contradição, permita-me usar uma imagem. Imagine alguém que pilota um carro ou uma moto em alta velocidade. A estrada é longa, mas, à frente, surge um obstáculo. O que essa pessoa faz?


Quem tem essa experiência sabe: você não pode olhar para o obstáculo.


Claro, você o vê. Você sabe que ele está ali, registra sua presença, calcula a distância. Mas seu foco visual, sua atenção deliberada, está na estrada, no espaço livre ao redor, no caminho por onde você quer passar. Se, em alta velocidade, você fixar o olhar no obstáculo, seu corpo instintivamente guiará o veículo naquela direção. A colisão se torna quase inevitável. Para onde você olha, é para onde você vai.


Com nossas dificuldades, fazemos o oposto. Somos condicionados a olhar fixamente para o obstáculo. E, ao fazer isso, nos movemos apenas em direção a ele, reforçando sua presença e seu poder sobre nós.



Desviando o Olhar sem Negar o Caminho


Quando você está pensando incessantemente no conflito do seu casamento, deixa de cuidar da sua relação com seu filho, do seu trabalho, da sua própria serenidade. Quando a preocupação com o desempenho escolar de um filho consome você, talvez o diálogo com seu parceiro se enfraqueça e outras áreas da sua vida fiquem abandonadas.


O problema, então, começa a se alastrar. Ele contamina outros relacionamentos, outras áreas, e logo você não tem mais um conflito, mas vários. A vida se torna um emaranhado de dificuldades, e você se sente uma pessoa confusa, perdida e sobrecarregada.


A solução, portanto, é agir como o piloto.


  1. Perceba o obstáculo: Reconheça a dificuldade. Não a negue, não a evite. Ela existe. Dê a ela seu devido lugar.


  2. Desvie o foco principal: Depois de reconhecê-la, direcione sua energia e sua atenção para o resto da sua vida. Cuide das coisas que estão ao seu alcance agora.


  3. Cuide da "estrada": O que mais na sua vida precisa de você? Talvez seja terminar um projeto de trabalho, preparar uma refeição com calma, ouvir o que seu outro filho tem a dizer, ou simplesmente garantir uma boa noite de sono.


Ao fazer isso, algo extraordinário acontece. Você se torna mais relaxado, mais tranquilo. Sua vida continua a fluir em outros aspectos, e a sensação de paralisia diminui. As chances de encontrar uma boa direção para aquela dificuldade central aumentam imensamente, pois você não está mais agindo a partir da tensão, mas da calma e da clareza.



E Quando o Conflito Parece Maior que a Vida?


Sei o que você pode estar pensando. "Isso é fácil de dizer, mas meu problema é gigantesco". De fato, existem conflitos que abalam nossas estruturas. Um processo judicial injusto contra alguém que amamos. A descoberta de uma infidelidade em um casamento de longa data. A possibilidade de perder a única casa.


Nesses momentos, não pensar no assunto parece quase impossível. A dor é forte, o medo é real. E, ainda assim, mesmo nesses casos — especialmente nesses casos —, o princípio se mantém. Se a pessoa se deixar consumir totalmente pelo conflito, ela se perderá junto com ele. Não poderá ajudar, não poderá decidir, não terá força para seguir adiante.


É preciso um esforço consciente. Perceber o tamanho da tempestade e, ainda assim, se dedicar a manter o barco navegando, cuidando do que for possível. É um ato de coragem e de profundo respeito por sua própria vida.


Essa habilidade de navegar por águas turbulentas é um dos conhecimentos mais centrais da vida. Não se trata de ter fórmulas mágicas, mas de cultivar uma postura interna que nos permita atravessar as dificuldades com força e integridade, respeitando as marés ****que regem nossas vidas.



Um Convite à Clareza


Aprender a manejar o foco da nossa atenção é uma prática. É como um músculo que se fortalece com o uso. Ao invés de lutar contra o problema, aprendemos a dançar com a vida como ela se apresenta, cuidando do que pode ser cuidado e esperando com serenidade por aquilo que ainda não tem solução imediata.

A verdadeira força não está em eliminar os obstáculos, mas em saber que, apesar deles, a estrada continua. E é para ela que devemos olhar.



Se esta reflexão ressoou em você e despertou o impulso de encontrar mais clareza e equilíbrio em seus relacionamentos, saiba que existem espaços de apoio para essa jornada.


Participar de um workshop de Constelação Familiar em grupo pode ser o primeiro passo para olhar sua vida por uma nova perspectiva. Se sentir vontade de saber mais, estou aqui para conversar.

 
 
 

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