Por Que Conflitos Familiares Viram Guerras?
- Daniel Gilwan

- 4 de ago.
- 3 min de leitura
Conflitos são uma condição inevitável da vida. Eles existem nas famílias, nos relacionamentos e até dentro de nós mesmos. Mas aqui fica a reflexão central: um conflito precisa se transformar em uma guerra? Precisa ser um campo de batalha cheio de sofrimento e dor?

O Conflito que Nasce do Amor
Pense nos conflitos que nascem das melhores intenções. Imagine pais que veem um filho tomando um caminho que, na visão deles, é prejudicial. Por amarem esse filho e desejarem sua felicidade, um conflito se instala: o amor e a preocupação deles de um lado, e o livre arbítrio do filho do outro.
Este é um conflito que pode durar uma vida inteira, e sua origem não é o ódio, mas o amor.
A solução ideal parece óbvia: que o filho encontre um caminho feliz ou que os pais apoiem suas decisões. No entanto, devido às limitações humanas de todos os envolvidos, essa solução pode nunca chegar ou levar muito tempo. Com isso, o próprio conflito se torna um problema maior que a questão original, minando a energia de todos.
Nesses casos, a questão principal muda. Não se trata mais de "eliminar o conflito", mas sim de fazer com que ele perca a força e deixe de ser uma batalha agressiva. É quando a guerra diminui que uma chance real de solução pode, finalmente, surgir.
A Raiz da Guerra: Onde o Sofrimento Realmente Começa?
Se o conflito em si não é o problema, onde a dor se intensifica? Onde a situação se transforma em um embate desgastante?
A perspectiva de Bert Hellinger oferece uma luz poderosa sobre isso. O sofrimento se acirra e a guerra começa no exato momento em que uma das partes se coloca em um lugar de superioridade moral.
Quando o pai pensa: "Como meu filho pode viver assim? Não deveria ser dessa forma!" – ele se coloca acima do destino do filho.
Quando o filho pensa: "Meus pais deveriam ser diferentes, eles estão errados" – ele se coloca acima da história dos pais.
Quando um ex-parceiro afirma: "Eu sou melhor, eu sei o que é certo para nossos filhos" – ele se coloca acima do outro.
Percebe? O embate não está no problema em si. O embate está na arrogância de se sentir superior ao outro.
O Convite ao Espelho: Onde Você se Coloca nos Seus Conflitos?
O convite é para olharmos para os nossos próprios conflitos, aqueles que mais nos tiram a paz, e nos perguntarmos com total honestidade:
Em que condição eu estou nessa relação? Estou ao lado, como um igual, reconhecendo minhas limitações e as do outro? Ou estou acima, como um juiz, determinando como a vida do outro deveria ser?
Mesmo que o outro tenha nos ferido ou cometido erros graves, a pergunta ainda é para nós. Ao nos sentirmos moralmente superiores, nós nos tornamos o principal combustível que alimenta a guerra.
Encontrando a Paz na Igualdade: Como Terminar a Batalha
A solução, muitas vezes, não é que o conflito acabe. Alguns conflitos nos acompanharão por muito tempo. A verdadeira solução é que o embate termine.
E a batalha só termina quando as pessoas se reconhecem como iguais. Iguais em sua humanidade, em suas forças e, principalmente, em suas limitações. Eu não sou melhor que meu filho. Eu não sou melhor que meu ex-parceiro. Eu não sou melhor que meus pais.
Quando recuamos desse lugar de superioridade e simplesmente ocupamos nosso próprio lugar – como pai, mãe, filho ou parceiro – algo relaxa profundamente. A guerra perde a força.
E então, mesmo que o conflito ainda exista, nós finalmente podemos viver em paz.
Fica aqui essa reflexão para você. Se já parou para pensar sobre isso ou se reconheceu em alguma dessas situações, compartilhe sua experiência nos comentários. Vamos continuar essa conversa.

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